sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Para meu pai.

Faz tempo que não vejo meu pai. Falo poucas vezes com ele por telefone por conta da distância e horários. Faz falta falar com ele, por mais complicado que isso as vezes seja.

Por conta disso, resolvi escrever aqui, algo como se fosse uma carta. Depois vou enviar o link para esposa dele, Léia, que tenho certeza irá repassar à ele.


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Oi pai!

Faz tempos que não nos falamos. Ainda mais que não nos vemos. Para falar a verdade, mal lembro da última vez que nos vimos. Mas ainda lembro muito bem de você. Lembro da sua barba branca bem aparada e de sua carequina. Lembro que sempre te ví muito bem vestido, por mais difícil que fossem os tempos, sempre alinhado. Eu lembro, assim como os que te conhecem, que quando você fala todos prestam atenção, pois você é uma pessoa muito articulada. Gosto de lembrar também que você "fala com as mãos", sempre gesticulando, deve ser a sua parte alemã. A elegância e capacidade de portar elegantemente em qualquer ocasião com certeza vai da porção francesa. Lembro e invejo seus belos olhos verdes. Por mais que alguém tente manchar sua imagem, na minha mente ela vai ser sempre imaculada. Sempre a imagem de alguém que devo fielmente seguir seus conceitos, por mais que as vezes discorde deles. Lembro de como dirige bem e como eu ficava olhando cada movimento seu ao volante, como um admirador apreciando a destreza de um maestro. Lembro e espero ter herdado a sua imensa capacidade de negociar, barganhar, quaisquer seja o ítem, isso tenho certeza que muitos lembram e invejam até. Lembro que você é colorado e não gosta nenhum um pouco do fato de eu torcer para o Grêmio. Lembro de tantas coisas quando penso em você e penso muito em você. Pai, eu penso em tudo que aprendi, de bonito e de feio com você. Pensando eu lembro de tudo o que passamos juntos, as dificuldades, as coisas engraçadas, as tristes, penso nas nossas aventuras juntos. Impossível esquecer que sempre fui quase uma "sombra" sua desde pequeno. Não posso e nunca esquecerei suas palavras duras comigo, pois elas me fizeram amadurecer. Se sou hoje o homem e luto como uma fera pelas minhas coisas, devo isso a você. Mesmo que você aí longe e eu aqui, ainda me espelho em você para ínumeras coisas. Lembro quando me deu a primeira bicicleta, quando me xingou por bater o primeiro carro, por avisar que eu cairia e cortaria a testa, fato que realmente aconteceu. Lembro que quando você comprava roupas para você, sempre me trazia algumas peças finas e eu adorava. Sem contar as vezes que roubei suas camisa, ainda tenho algumas delas e jamais vou me desfazer. Lembro que você me pedia para cuidar da Fernanda, mesmo sendo ela mais velha, você sempre me considerou o mais velho. Lembro de você bravo. De você feliz. De você chorando. Lembro quando nasceu o Matheus e a Natália, como você parecia uma criança de tão feliz. Lembro quando você comprou sua primeira Dakota e de como estávamos preocupados com o olho grande das pessoas. Lembro da sua teimosía, talvez seja por conta dela que você seja esse monstro guerreiro que é, sempre lutando por seus ideais. Lembro de você lutando ferozmente por seus filhos e sempre tentando trazê-los para debaixo de suas asas. Pai, eu lembro de tanta coisa sua que poderia escrever um livro de mil páginas só de detalhes. Eu lembro pai.

Sabe pai, as vezes eu sinto vergonha de algumas vezes que fui duro com você, mas acho que foram momentos necessários para que você percebesse que cresci. Sinto vergonha de não ter estudado e me formado em arquitetura como você gostaria que fosse. Vergonha de não ter sido o filho que talvez você gostasse que eu fosse, mas saiba que nunca fiz por mal. Acho que cada um deve seguir o seu rumo e o que importa é que nele há a inspiração que vem dos nossos pais. Eu me inspiro em você pai para negociar, me inspiro em você cada vez que levo uma rasteira da vida e preciso reerguer, pois aprendi com você que não devemos nos deixar cair por conta dos acidentes em nosso caminho. Aprendi com você a ser um guerreiro, não chego a ser um monstro guerreiro, mas luto com a faca entre os dentes, doa a quem doer. Sinto muito pai, não ter lhe dado ainda um neto, pois pode parecer pretensão minha, mas acredito que você gostaria muito de ter um neto que fosse minha descendência. Sinto pai, por ser um ser humano cheio de falhas, assim como você e todo mundo é, mas sinto por não conseguir ser perfeito, por achar que você merece ter um filho do qual se orgulhasse demais. Mas pai, eu também tenho qualidades e tenho certeza que você sabe e se orgulha delas. Por ser organizado, não desistir dos meus sonhos e sempre lutar por eles. Por saber que sou uma pessoa livre para voar se sem medo de voar cada vez mais alto. Eu sei que você gosta de saber que estou bem e estou sempre buscando o melhor.

Pai, eu sou uma pessoa muito alegre e feliz. Tenho poucas coisas, mas o pouco que tenho adquiri com muito suor e sofrimento e sei que te orgulhas disto, só que as vezes eu sinto muito a sua falta, me sinto um menino sozinho, queria muito poder te dar um abraço e receber um tapa nas costas acompanhado de um "vai lá Roger, tu consegue!". Não quero parecer frágil e de forma alguma sou, mas todo mundo precisa um dia falar o que sente e como se sente. E poucas vezes e isso me envergonha muito de lembrar que foram poucas, eu disse:

Pai, eu te amo.

Não fique preocupado comigo. Você não precisa se preocupar. A minha criação me fez forte. A vida ao seu lado me tornou um homem de pedra. Não frio, sem sentimentos, mas forte para aguentar o que tiver que vir. Só quero que saiba que eu estou muito bem e desejo muito que esteja bem também. Quero se preocupe apenas com nossos pequeninos. Eles sim ainda precisam viver muito ao teu lado para entender a honra que é ter um pai como você.

Fique bem pai.

Saudades.

Com muito amor, do seu filho "mais velho",

Roger.


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Desculpem-me as falhas ortográficas, mas estou pouco me lixando para o que pensam e eu quero expressar de alguma forma todo o amor que sinto pelo meu pai.


Fuck them all.

Lov u Dad.

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