sábado, 24 de outubro de 2009

Vertigem

Part III

Acorda com o som de uma corredeira. Num primeiro momento o som da água correndo é agradável mas depois, quando tenta abrir os olhos, sente o cheiro e o gosto de terra.

Terra. O forte cheiro de terra se mistura ao sabor de bourbon da sua boca. Os olhos são ofuscados por faixos de luz que entram pelas frestas da parede de um velho galpão de madeira. Chão de terra, feno e um cavalo escuro. Permanece deitado, tentando se mexer mas em vão.

A cabeça lateja muito. Parece que tomou um porre daqueles que tomava quando ainda estava no colegial. A mente está confusa. Sua ultima lembrança é de um bar de beira de estrada. Mas não consegue saber a quanto tempo está ali. Quanto tempo faz que está jogado no chão dentro de um velho galpão? Que maldito galpão é esse?! Como foi parar ali? Sua memória está tão fraca quanto seu corpo.

- Ahh arghh... Minha cabeça! Que lugar é este?!

Sente-se fraco. Não só fisicamente, mas sente-se fraco por não ter lembrar como foi parar ali. Faz força para levantar, pois sente-se fraco demais. Ainda batendo o pó do seu casaco de couro. Naquele lugar perturbador, derrepente escuta um grito abafado:

- Hmmmm hummmmpf uhhhhhhhhmmmm mmmmmmm!

Uma mulher. Pele clara. Linda. Olhos assustados. Porque está amarrada?

- Meu Deus! Que droga está acontecendo aqui?

Ainda zonzo, vai até a mulher, ela fica ainda mais assustada, se debate enquanto ele se esforça para desamarra-la e tirar o pano de sua boca.

- Ei! Calma! Calma! Estou tentando solta-la e você não ajuda assim!

- Me tira daqui! Eles fizeram isso! Tudo culpa sua! Tudo culpa sua, seu desgraçado! Me solta!

- O que?! Olha só mocinha, eu não faço ideia de como ou porque vim parar nesse buraco. Não faço idéia do lugar onde estamos ou como vamos embora daqui! Então é bom a moça se acalmar, senão te deixo aqui para servir de comida de rato!

Silêncio. Ela fita seus olhos com uma mistura de medo e admiração. Ela sempre foi tão independente, agora sente-se fraca o suficiente para entender que precisa desse desconhecido.
Já solta, chora e acaba abraçando ele. Ele fica meio sem reação mas acaba retribuindo, sem jeito.

- Obrigada! Mas precisamos sair, eles podem voltar a qualquer momento!

- Eles quem? Você sabe o que está acontecendo? Me diz!

- Você não lembra de nada? Nadinha?

- Me sinto como se houvesse sido atropelado por um trem, como haveria de lembrar algo?

Começa a chover muito forte, trovodas e ventania. Ela o pega pela mão e o puxa. Ele segue apoia nela, pois ainda sente-se "mole".

- Vamos sair daqui. Seu carro deve estar lá fora. Vamos voltar pra cidade e lá conversamos.

Ele concorda balançando a cabeça pois não consegue pensar em nada melhor naquele momento. Seguem devagar enquanto ela o ajuda caminhar. Derrepente sente as pernas fracas demais para seguir e acaba caindo no chão.

- Aaaaah!

Quando cai, mesmo tonto, encontra um relógio embaixo de uma tábua. Aquele relógio digital lhe parece familiar. Mal consegue ler a hora e a data e em seguida desmaia.


13:46, do dia 09 de novembro de 2008.




Continua...

-----------------------------------------------------------------



Quero dedicar este trecho de Vertigem aos amigos que me incentivam na arte da escrita, ainda que seja de forma totalmente amadora.


Beijos e abraços aos amigos.

Um abraço apertado para meu pai e minha mãe.

Um aceno para você.

Um comentário: