domingo, 19 de setembro de 2010

Gente.

   Acorda com o som da televisão. Alguém falando sobre carros e carros são de seu interesse. Faz força para abrir o olhos e acaba conseguindo, com dificuldade, enxergar o que passa na televisão.
   Fica ali na cama, hipnotizado pela tela mas ao mesmo tempo confabulando loucamente em sua mente que aparentemente está vazia, mas se alguém pudesse entrar lá para ver, ficaria assustado com o tornado que passa por lá.
   Depois de um tempo, minutos, talvez horas, chega na conclusão que deve sair. Pensa em ir pra algum parque fazer umas fotos ou curtir a feira local e até, quem sabe, comer um pastel bem gorduroso. Levanta vagarosamente e vai até a janela. Abre um pouco a cortina e dá de cara com um dia claro, não de céu aberto, mas um dia claro e possívelmente um pouco mais quente que o dia anterior. Animador.
   Senta na frente do computador, sem ação, apenas pensando, agora com a mente vazia de verdade retira um cigarro do maço e o acende, no quarto fechado mesmo, na penumbra ou escuridão daquele momento.
Uma, duas, três tragadas. Mais e mais tragadas e o cigarro acaba. Olha para os lados e vê um quarto bagunçado e a televisão ligada. No fundo escuta as pessoas na sala rindo descontroladamente e lá fora os cães latem descontroladamente.
   Então, vamos para a rua? Essa é a vontade. Rua, "sol", ar, barulho, movimentação e gente. Gente estranha. Gente desconhecida. Gente que ele tem medo de tentar conhecer, digamos que nem é medo e sim timidez. Nunca fora tão tímido assim, mas adquiriu uma certa fobia de conhecer gente nos ultimos tempos. Cadê a "sua gente"? Onde estão todos os rostos conhecidos e sorridentes que faziam dele uma pessoa mais sociável, menos retraída? Onde? Estarão todos ocupados com suas vidas sociais ou "trancados" num quarto escuro, com paredes mofadas e fedendo a cigarro? Estarão se perguntando o que fazer num domingo "ensolarado" e já se encontrando com outros rostos amigos para algum passeio divertido e saudável? Ele não sabe, mas tem certeza de que é o único que está num quarto escuro, de paredes mofadas e fedendo a cigarro. Sozinho.

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